A Superintendência do Iphan em Mato Grosso do Sul realiza nesta terça-feira (16), às 18h, a abertura da exposição temporária e instalação artística e museológica sobre a história e as memórias da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (E.F.N.O.B) intitulada "O expresso memória | 7472", idealizada em conjunto com a AFAPEDI-MS (Associação dos ferroviários, aposentados, pensionistas, demitidos e idosos em Mato Grosso do Sul).
A exposição conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Cidadania (SECC), por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e acontece de 17 a 31 de maio, das 9h às 17h, no Saguão da Antiga Estação Ferroviária de Campo Grande, sempre com entrada franca.
Sobre a exposição-instalação artística e museológica
(Sara Bernal - museóloga responsável pela exposição)
A história da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil nos brinda com um emocionante relato de vida onde a memória trabalha como fio condutor capaz de remontar e reconstruir uma paisagem repleta de lutas, onde desbravadores anônimos vivenciaram seus dramas sociais e histórias muitas vezes sob o ritmo da violência.
O som da construção e da abertura de caminhos para a linha férrea em terras do Pantanal passou por cima de embates indígenas, migrantes solitários e operários escravizados em terras onde a pistolagem iniciava suas primeiras incursões.
O vanguardismo dos trabalhadores ferroviários se fez, desde cedo em ação pioneira com a eclosão de uma das primeiras greves do setor, onde os operários reivindicavam melhores condições de vida em um momento em que o confronto diário se deu muitas vezes a toque de gatilho das espingardas dos capatazes de terras consideradas "públicas".
O fim da jornada de trabalho significava muitas vezes o fim da jornada de vida, tal insalubre era a situação do operário ferroviário da Noroeste do Brasil. Sem comparações com nenhum outro estado do Brasil, a N.O.B não apenas encurtou o tempo das viagens ou trouxe o tão aclamado progresso ao Centro Oeste; mais do que isso, a N.O.B levantou a cortina para a riqueza etnográfica de uma região com vasta diversidade linguística, terras de nações indígenas já dizimadas, quilombolas, monçoeiros, de incursões registradas na historiografia ibérica à região de conflitos internacionais ainda a serem estudados sem o véu da mentira.
Quem perdeu, quem ganhou em tantas frentes de batalhas, pequenas e grandes, do índio ao ex-escravo, do bandeirante ao boliviano, ao paraguaio, ao japonês e a todos os outros imigrantes que cruzaram as águas do além-mar e as águas do Pantanal... Certamente compete a reflexão de cada um e não apenas aos livros oficiais.
Por ora, nós, como vocês - queremos ainda refletir sobre a extinção da N.O.B, queremos rememorar a história ferroviária em Mato Grosso do Sul, queremos desconstruir a desconstrução das nossas ferrovias - queremos fechar os olhos e acreditar que tudo não passou de um pesadelo e a N.O.B continua ainda a circular com o vagão 7472, de Bauru a Corumbá, de Ponta Porã a Três Lagoas e cruzando a vastidão dos nossos pantanais e por ai vai nesse mundão.
Esta exposição marca o início de um programa de preservação da memória ferroviária e o nascimento de um futuro museu.
Participe deste sonho e ajude a consolidar a criação do Museu Ferroviário do Estado de Mato Grosso do Sul.
Período: de 17 a 31 de maio de 2017
Horário: das 9h às 17h
Local: Saguão da Antiga Estação Ferroviária de Campo Grande
Entrada franca
Publicado por: Thereza Christina Amendola da Motta