Por Alexander Onça
Com o repertório recheado de músicas autorais e trabalhos de grandes compositores brasileiros, o grupo Tambores do Tocantins animou a noite de quinta-feira (20), a primeira do Festival América do Sul Pantanal (FASP), na praça Generoso Ponce, em Corumbá.
O som envolvente alegrou os corumbaenses, já acostumados com o batuque dos tambores, e também os turistas presentes. “Sou do Paraná e vim com amigos fazer um “mochilão” pela Bolívia e Peru. Ficamos sabendo que está rolando o Festival e decidimos ficar alguns dias a mais por Corumbá. Achei sensacional este grupo de percussão de Tocantins, uma verdadeira troca cultural por aqui”, apontou o estudante de Maringá, Marlon Souza, de 25 anos.
No repertório musical, clássicos dos tocantinenses Juraildes da Cruz, Braguinha Barroso, Genésio Tocantins e Dorivã, dos goianos Adalto Bento Leal e Amiltom Carneiro, e até do paraense Ronaldo Silva e do baiano Raimundo Sodré.
Embasado em pesquisas das tradições e saberes musicais tocantinenses, o projeto Tambores do Tocantins se dedica à construção dos instrumentos utilizados pelo grupo, com apreço a todas as etapas de feitura dos tambores, desde o tratamento da madeira e produção das peles à execução musical. Além disso é um projeto social de atenção comunitária, oferecendo oficinas e atividades de produção musical a crianças e adolescentes de periferias.
Integrante do grupo desde os 7 anos de idade, Aldo Douglas Soares Barbosa, de 22 anos, conta que na infância não tinha muitas condições de educação e acesso a cultura, mas que mudou sua vida quando conheceu o grupo.
“Moro na periferia, tinha acesso a muitas coisas ruins, se não fosse o projeto não sei que seria da minha vida. Hoje já viajei até para a Itália, França e Noruega com o grupo, além de ter conhecido várias capitais do Brasil, devo isso a esse projeto”, ressaltou Aldo.
E quem coordena a gurizada é o músico percussionista e artesão Márcio Bello dos Santos, natural de Campo Grande, mas radicado no Tocantins desde 1990. Desde a manhã de terça (18), ele comanda a Oficina de Percussão e Construção de Instrumentos Tambores do Tocantins no Moinho Cultural, parte do Festival América do Sul Pantanal.
Márcio conta que trabalha com o grupo um novo projeto que vai destacar a musicalidade do Mato Grosso do Sul nos tambores.
“Queremos replicar este projeto usando a musicalidade pantaneira e apresentar ela no Brasil afora. Sou sul-mato-grossense radicado no Tocantins há quase 30 anos. Sou de Campo Grande e fui embora cedo. Sinto quase que uma obrigação em agregar estes valores”, adiantou.
Publicado por: Thereza Christina Amendola da Motta